Em todo e qualquer concurso, os
candidatos batalham para superar seus concorrentes, isto é, os demais
candidatos. Contudo, há outros desafios a serem vencidos por aqueles que
sonham em ingressar na carreira pública - em diferentes categorias. Um
deles, talvez o mais difícil de todos, constitui um fator interno. O
concurseiro que quer chegar lá, afirmam especialistas, precisa vencer os
próprios medos. É preciso trabalhar sentimentos como autoconfiança,
determinação e perseverança. Mas, no processo de preparação para as
provas, muitos desses estudantes enfrentam inimigos externos. O mundo
moderno, ao mesmo tempo que conectou toda a sociedade à interatividade, a
condenou a um modo quase contínuo que combina estado de alerta e
distração. De tão "conectado", o indivíduo acaba distraído por
interferências externas a todo o tempo. Em certos casos, verifica-se uma
tendência à dependência tecnológica. Basta que um dos serviços de
mensagens, como o whatsapp, saia do ar por alguns minutos para que
muitas pessoas experimentem a sensação de aflição por não poder receber
ou compartilhar informações.
Juliana Pivotto, 32 anos, é fundadora da Editora Nova Concurso,
especializada na produção de material de apoio a concurseiros. Formada
em Marketing Digital, ela elaborou uma lista com os maiores vilões dos
candidatos de concursos públicos. Anote aí: são eles o acesso às redes
sociais, tv e rádio; as conversas telefônicas com amigos e parentes; a
organização de encontros com amigos; o acesso a e-mails pessoais;
barulho alto; ansiedade e fome excessivas. Foi observado que muitos
candidatos tinham as mesmas dúvidas de como estudar e se dedicar de
forma integral aos estudos. A partir daí, foi elaborada uma verdadeira
estratégia para evitar as principais distrações. "Foco e rotina são
elementos fundamentais. As pessoas têm dificuldade em criar uma rotina
de estudo, mas ela se faz necessária", afirma a entrevistada, que
apresenta a seguir algumas dicas de como burlar - ou ao menos minimizar -
os prejuízos provocados por essas quase sempre inevitáveis "distrações"
do cotidiano. Confira:
> Baixar o fluxo dos pensamentos a um nível parecido com a
meditação. Para isso, foque na respiração. Preste realmente atenção no
ar que entra e sai, na quantidade e intensidade. Assim você "esvazia" o
cérebro de outras preocupações ou assuntos paralelos.
> Focar em algum ponto estático. Imagine a chama de
uma vela e tente controlar o movimento com a mente. O desafio aqui é
pensar em nada – o que é bem difícil. Pois nossa cabeça preenche espaços
com pensamentos. É preciso tentar deixá-la o mais livre possível para
receber o conteúdo que se deseja assimilar.
> Procurar livros e exercícios que exijam o limite
das suas habilidades. Quanto mais difícil, mais você terá que se
concentrar e, assim, seu cérebro permitirá menos brechas para a
distração.
> Transformar estudos chatos em jogos com etapas a
serem vencidas. Acumule pontos e aí se dê prêmios, como descansos ou
pausas para o cafezinho. Vale também fazer daquela leitura mais complexa
um tipo de jogo, focando em uma fase de cada vez. Ultrapassar etapas,
uma a uma, pode deixar o processo todo mais interessante, dando maior
gás para seguir em frente!
> Estabelecer uma rotina: não misture tarefas. Tome
café na hora do café, fique com seus filhos na hora determinada para
isso e só trabalhe quando chegar a hora. "Crie uma rotina, tópicos,
trace metas daquilo que precisa ser estudado diariamente e tenha pausas e
outras atividades durante o dia. É importante ter uma rotina diária
dividida em diversas atividades, incluindo o estudo. Quando estudar,
dedique seu tempo de forma exclusiva, esquecendo telefone, computador,
todas as outras coisas. Se preciso for, peça a colaboração de familiares
para que o silêncio e a privacidade, ao menos no seu ambiente de
estudo, sejam respeitados", aconselha Juliana Pivotto.
> Realizar uma lista com tudo o que precisa cumprir.
A cada tarefa riscada da relação, você ganha um ponto – e, se o
trabalho for grande, dois pontos. Com cinco pontos, você pode se
conceder algo como um chocolate ou um cafezinho. Com dez, ganha meia
hora de descanso.
> Estudos em grupo podem ser uma boa tática para
agilizar a apreensão de conteúdo, com o esclarecimento de dúvidas entre
os envolvidos. Mas é preciso estabelecer regras de como o programa
funcionará, para que não se transforme em mero encontro entre colegas,
servindo apenas para colocar o papo em dia.
> Fazer um diário com o que você faz o dia inteiro e
perceber o que distrai você. Por exemplo, ao escrever você se distraiu
mais do que quando estava falando ao telefone? Com o smartphone, as
pessoas estão conectadas o tempo todo... Há alunos que não resistem aos
chamados das redes sociais nem mesmo quando estão em sala de aula, na
presença de um professor. O que dizer, então, quando se está estudando
sozinho, em casa? "O celular apita a cada mensagem de e-mail, ou
whatsapp. E a maioria dos candidatos tem receio de desligar o aparelho
por apenas duas, três horas, por pensar que vai perder alguma ligação ou
mensagem importante. Mas, aí cabe perguntar: afinal, o que é importante
para você?", questiona a especialista.
Colaborou: Roberto Ferreira
fonte:Folha Dirigida