A leitura vem sendo bem cobrada em provas de concursos de todos os níveis e em todas as instituições, isso é fato notório. Existe, porém, um grande problema: não há hábito de leitura nos brasileiros, como haverá produção textual com grande qualidade?
Com o advento da tecnologia, todos prezam
pela rapidez, inclusive na leitura e na música, Machado de Assis já
previa esse fato há muitos anos no livro Memórias Póstumas de Brás
Cubas, no capítulo O SENÃO DO LIVRO:
“Começo a arrepender-me deste livro. Não
que me canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns
magros capítulos para esse mundo é tarefa que distrai um pouco da
eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa
contração cadavérica; vicio grave, e, aliás, ínfimo, porque o maior
defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer e o
livro anda devagar; tu amas a narração direta e nutrida, o estilo
regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios,
guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram,
gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem...
E caem - folhas misérrimas do meu
cipreste, heis de cair, como quaisquer outras belas e vistosas; e, se eu
tivesse olhos, dar-vos-ia uma lágrima de saudade. Esta é a grande
vantagem da morte, que, se não deixa boca para rir, também não deixa
olhos para chorar... Heis de cair.”
(Machado de Assis, “Memórias Póstumas de Brás Cubas”. Rio, Instituto Nacional do Livro 1960, p. 214, 215 cap. 71), grifo nosso.
(Machado de Assis, “Memórias Póstumas de Brás Cubas”. Rio, Instituto Nacional do Livro 1960, p. 214, 215 cap. 71), grifo nosso.
O destaque merece total menção, Machado
já lutava contra a problemática de o livro parecer enfadonho por causa
do entendimento não ser direto, precisar de um tempinho razoável para a
compreensão, é a tal da “desautomatização” que ocorre na literatura.
Para o concursando obter sucesso, é
necessário hábito de leitura de jornais, revistas, interpretar boas
músicas e ler um bom livro, um livro como “Perto do coração selvagem” da
Clarice Lispector, “A hora dos ruminantes” de J.J. Veiga, “Os
sofrimentos do jovem Werther” de Goethe e assim por diante.
As boas músicas podem indicar sentidos
implícitos (pressupostos e subentendidos), são as inferências que tanto
nos preocupam nas provas de concursos públicos. É importante entender em
profundidade (estrutura profunda do texto) que “alguma coisa acontece
no meu coração, que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João” não
apenas faz referência a algum sentimento que acontecia no autor, mas
que ele não entendia a beleza da cidade de São Paulo, com os famosos
arranha-céus, e logo depois passou a admirar a cidade com uma beleza
incomum, pois “os novos baianos te podem curtir numa boa”. Esse
entendimento da estrutura profunda do texto, GranConcursando é que será o
seu diferencial. É importante, também, dominar as bases teóricas da
interpretação, como anafóricos, catafóricos, dêiticos, narração,
descrição, dissertação, texto injuntivo, estudo de casos, paráfrase,
perífrase, figuras de linguagem etc. Porém, o mais importante é entender
a estrutura profunda do texto, isso o fará estar à frente da maioria e
atingir sua tão sonhada aprovação.
Procurar ler de tudo e reter o que é bom,
além de entender que a mensagem vale por aquilo que, mesmo sem
obrigação de estar ali, foi posto no texto.Ronaldo da Silva Pereira
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